Orientadora Educacional - Psicopedagoga

O dia a dia de zero a cinco

Este espaço foi criado para pais , mães e todos os profissionais que tenham interesse em refletir sobre desenvolvimento infantil de crianças de zero a cinco anos.


Meu propósito é trazer temas interessantes como dificuldades de aprendizagens, a importância do pensamento e linguagem na infância, organização, currículo e funcionamento de creches e centros de educação infantil, cuidar e educar, organização do espaço e tempo na infância,limites, brincadeiras, teatro, música, informática, inclusão, literatura, relações entre pais, mães, professores e escola, entre outros.


Entrem, deixem suas dúvidas, críticas, sugestões e comentários.


Sejam bem-vindos!


Um abraço!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Dislexia


 A palavra dislexia é derivada do grego "dis" (dificuldade) e "lexia" (linguagem) é uma falta de habilidade na linguagem que se reflete na leitura.
Dislexia não é causada por uma baixa de inteligência muito menos é uma doença. É um funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da linguagem.
As atuais pesquisas, obtidas através de exames por imagens do cérebro, sugerem que os disléxicos processam as informações de um modo diferente. 



Pessoas disléxicas são únicas; cada uma com suas características, habilidades e inabilidades. Em diferentes graus, os portadores desse defeito congênito não conseguem estabelecer a memória fonêmica, isto é, associar os fonemas às letras.
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete de 0,5% a 17% da população mundial e  pode manifestar-se em pessoas com inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta.
A causa desse  distúrbio é uma alteração cromossômica hereditária, o que explica a ocorrência em pessoas da mesma família. Pesquisas recentes mostram que a dislexia pode estar relacionada com a produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da criança.
 Na Educação Infantil podemos observar algumas dificuldades na criança como:
·         Falar tardiamente
·         Dificuldade para pronunciar alguns fonemas
·         Demorar a incorporar palavras novas ao seu vocabulário
·         Dificuldade para rimas
·         Dificuldade para aprender cores, formas, números e escrita do nome
·         Dificuldade para seguir ordens e seguir rotinas
·         Dificuldade na habilidade motora fina
·         Dificuldade de contar ou recontar uma história na seqüência certa
·         Dificuldade para lembrar nomes e símbolo

Os sintomas variam de acordo com os diferentes graus de gravidade do distúrbio e tornam-se mais evidentes durante a fase da alfabetização. Entre os mais comuns encontram-se as seguintes dificuldades: para ler, escrever e soletrar; de entendimento do texto escrito;  para de identificar fonemas, associá-los às letras, reconhecer rimas e alterações; para decorar a tabuada, reconhecer símbolos, conceitos matemáticos (discalculia); ortográficas: troca de letras, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas (disgrafia); dificuldade na organização temporal e espacial e coordenação motora.
O diagnóstico é feito por exclusão, em geral por equipe multidisciplinar (médico, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, neurologista), mas, antes de afirmar que uma criança  é disléxica, é preciso descartar a ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem.
É de extrema importância estabelecer o diagnóstico precoce para evitar que sejam atribuídos aos portadores do transtorno rótulos depreciativos, com reflexos negativos sobre sua auto-estima e projeto de vida.
Ainda não se conhece a cura para a dislexia. O tratamento exige a participação de especialistas em várias áreas para ajudar o portador de dislexia a superar, na medida do possível, o comprometimento no mecanismo da leitura, da expressão escrita ou da matemática.
 O diagnóstico de dislexia não significa que a criança seja menos inteligente; significa apenas que é portadora de um distúrbio que pode ser corrigido ou atenuado, tratamento da dislexia pressupõe um processo longo que demanda persistência e os  portadores de dislexia devem dar preferência a escolas preparadas para atender suas necessidades específicas.
 Saber que a pessoa é portadora de dislexia e as características do distúrbio é o melhor caminho para evitar prejuízos no desempenho escolar e social e os rótulos depreciativos que levam à baixa-estima.




Até Breve!

sábado, 28 de janeiro de 2012

Discalculia


A discalculia infantil ocorre em razão de uma falha na formação dos circuitos neuronais, ou seja, na rede por onde passam os impulsos nervosos. É uma má formação neurológica que provoca transtornos na aprendizagem de tudo o que se relaciona a números: como fazer operações matemáticas, fazer classificações, entender conceitos, sequenciação numérica e aplicação da matemática no dia a dia .
Acredita-se que a causa dessa má formação seja genética,        neurobiológica ou epidemiológica.
A  discalculia é semelhante  a dislexia  que vem a ser uma         dificuldade com o aprendizado da leitura e da escrita.
Imagine uma criança que apresenta dificuldades na leitura e interpretação de texto, consequentemente terá dificuldades para ler e interpretar enunciados que envolvam  soluções numéricas, certo?
A discalculia infantil ocorre em razão de uma falha na formação dos circuitos neuronais por onde passam os impulsos nervosos. A falha de quem sofre de discalculia está na conexão desses neurônios localizados na parte superior do cérebro, área responsável pelo reconhecimento dos símbolos.


Normalmente  uma criança com discalculia apresenta dificuldades na tabuada, em ordenar os números, posicionar a folha de papel, dificuldade em somar, subtrair, multiplicar e dividir, memorizar cálculos e fórmulas, distinguir símbolos matemáticos, compreender  os termos utilizados como igual, diferente, conceitos específicos, enumerar, nomear e comparar, lateralidade, senso de direção, medida, distância, fórmulas e regras de jogos.



É importante que  a criança seja tratada a tempo porque o distúrbio compromete seu desenvolvimento social e emocional, deixando-a  insegura e com  medo de enfrentar novas experiências por acreditar que não é capaz.
Dessa forma a criança  pode vir a adotar comportamentos inadequados tornando-se hostil, agressiva, apática ou desinteressada e com  baixa auto-estima.  
O psicopedagogo é o  profissional indicado para avaliar e acompanhar a criança nesse momento.


Geralmente iniciam a terapia visando melhorar a imagem que a criança tem de si mesma, valorizando as atividades nas quais ela se sai bem. O próximo passo é descobrir como é o seu próprio processo de aprendizagem. Às vezes, ela tem um modo de raciocinar que não é o padrão, estabelecendo uma lógica  própria que foge ao usual.
Na escola é importante que os professores desenvolvam atividades específicas sem isolá-lo da turma. Não interrompe-la quando ela estiver fazendo uma pergunta, como se estivesse tentando adivinhar o que ela quer dizer, isso só fará com que ela se sinta pior evitar corrigi-la ou ignorá-la na frente da turma.
Por isso, ter paciência, compreender a dificuldade e respeitar a criança é muito importante.

Evite críticas e punições!




Uma ótima leitura a todos!


Até breve!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Dislalia

Dislalia, caracterizada pela dificuldade em articular as palavras é o transtorno de linguagem mais comum em meninos, e o mais conhecido e mais fácil de identificar. Quando o bebê começa a falar, o fará emitindo os sons mais simples,como o m ou o p. Não é para menos que o dizer mamãe ou papai não terá que fazer muito esforço, desde quando receba estimulação. A partir daí o bebê começará a pronunciar sons cada vez mais difíceis, o que exigirá mais esforço dos músculos e órgãos ligados à fala. É muito normal que as primeiras falas do bebê, entre o 8º e o 18º mês de idade, apresentem erros de pronúncia. O bebê dirá aua, quando pedir água, ou peta, quando quiser chupeta.
Os bebês simplificarão os sons para que facilitarem a pronúncia. No entanto, à medida que o bebê vai adquirindo mais habilidades na articulação, sua pronúncia será mais clara. Até  os quatro anos de idade, os erros de linguagem são considerados normais. Mas, após essa fase, a criança pode vir a ter problemas caso continue falando errado, podendo afetar a escrita. O caso clássico desse distúrbio é o

 

Cebolinha, personagem da Turma da Mônica que é incapaz de pronunciar corretamente os sons vistos como normais segundo sua idade e desenvolvimento. Uma criança com dislalia pode substituir uma letra por outra, ou não pronunciar consoantes.
As principais causas, nestes casos, decorrem de fatores emocionais, como, por exemplo, ciúme de um irmão mais novo que nasceu, separação dos pais ou convivência com pessoas que apresentam esse problema (babás, por exemplo, que dizem “pobrema”, “Framengo”, etc.), e a criança vai assimilando.
A criança portadora da dislalia pronuncia determinadas palavras de maneira errada, omitindo, trocando, transpondo, distorcendo ou acrescentando fonemas ou sílabas a elas. Neste caso é importante que a criança passe por uma avaliação com fonoaudiólogo que irá examinar os órgãos da fala e da audição a fim de  detectar se a causa da dislalia é orgânica (mais rara de acontecer, decorrente de má-formação ou alteração dos órgãos da fala e audição), neurológica ou funcional (quando não se encontra qualquer alteração física a que possa ser atribuída a dislalia).

No primeiro caso, resultam da malformações ou de alterações de inervação da língua, da abóbada palatina e de qualquer outro órgão da fonação. Encontram-se em casos de malformações congênitas, tais como o lábio leporino ou como conseqüência de traumatismos dos órgãos fonadores. Por outro lado, certas Dislalias são devidas a enfermidades do sistema nervoso central.
A dislalia pode interferir no aprendizado da escrita tal como ocorre com a fala.

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Uma dica: por favor, nada de  receitinhas do tempo da vovó, aquelas  que se acreditava que colocando uma “rolha” na boca da criança iria resolver o problema, ou colocar pedrinhas na boca, soprar  línguas de sogras e outras técnicas sem fundamento algum Ok!
Seja mais eficiente: leve-o ao médico.
Ah, e nada de achar engraçadinho quando seu filho começar a falar “tota-tola” em vez de coca-cola, “totô” em vez de “cocô, certo?
Há alguns casos comuns específicos de dislalia, que envolvem pronúncia do "K" do "G", nos quais, por falta de motilidade do palato mole, a criança omite tais fonemas (por exemplo, falando "ato" ao invés de "gato"; "ma'a'o" ao invés de MACACO). O "R" brando (que é pronunciado através da vibração da ponta da língua atrás dos dentes incisivos superiores); em muitos dos casos de dislalia, o "R" também costuma ser omitido ou pronunciado guturalmente (a criança fala como se fosse um francês ou um alemão falando Português). 


As crianças também que usam chupeta e a  mamadeira por um tempo prolongado, que chupam o dedo ou mesmo mamam pouco tempo no seio, podem apresentar um quadro de dislalia. Apesar de não existir relação direta, essas crianças podem apresentar flacidez muscular e postura indevida da língua, o que pode resultar nesse distúrbio.
Outras causas são: línguas hipotônicas (flácidas), podendo ainda apresentar alterações na arcada dentária, ou então, falhas na pronúncia de determinados fonemas em conseqüência da postura e respiração dificultada.

A dislalia pode ser subdividida em quatro tipos:
Dislalia evolutiva: considerada normal em crianças, sendo corrigida gradativamente durante o seu desenvolvimento.
Dislalia funcional: neste caso, ocorre substituição de letras durante a fala, não pronunciar o som, acrescente letras na palavra ou distorce o som. Quando não se encontra nenhuma alteração física  que possa ser atribuído a Dislalia, esta é chamada de Dislalia Funcional.
Nesses casos, pensa-se em hereditariedade, imitação ou alterações emocionais e, entre essas, nas crianças é comum a Dislalia típica dos hipercinéticos ou hiperativos. Também nos deficientes mentais se observa uma Dislalia, às vezes grave ao ponto da linguagem ser acessível apenas ao grupo familiar.
Dislalia audiógena: ocorre em indivíduos que são deficientes auditivos e que não conseguem imitar os sons.

 

Dislalia orgânica: ocorre em casos de lesão no encéfalo, impossibilitando à correta pronuncia, ou quando há alguma alteração na boca.


Bem, sejam quais forem as causas, os profissionais envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, devem estar atentos a qualquer alteração lingüística, que quando detectada, deve-se encaminhar rapidamente a criança para um especialista, que terá condições de avaliar a melhor forma de tratar o distúrbio, para que ele não chegue a causar maiores danos emocionais.

Até mais!

Dificuldades de Aprendizagem

O termo 'Dificuldade de Aprendizagem' começou a ser usado na década de 60 e até hoje muitas vezes é confundido por pais, escolas e professores como uma simples desatenção em sala de aula.
A  dificuldade de aprendizagem refere-se a um distúrbio que pode ser gerado por uma série de problemas cognitivos ou emocionais e pode afetar qualquer área do desempenho escolar e na maioria dos casos é o professor o primeiro a identificar que a criança está com alguma dificuldade, mas os pais e demais membros da família devem ficar atentos também. A dificuldade mais conhecida e que vem tendo grandes repercussões na atualidade é a dislexia, porém, é necessário estarmos atentos a outros sérios problemas como a  disgrafia, discalculia, dislalia, disortografia e o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Segundo especialistas, as crianças com dificuldades de aprendizagem podem apresentar desde cedo um maior atraso no desenvolvimento da fala e dos movimentos do que o considerado 'normal'.

Mas os pais têm que ter cuidado para não confundir o desenvolvimento normal com a dificuldade de aprender. Toda a criança tem um processo, um ritmo diferente de desenvolvimento. Umas aprendem a andar mais cedo, outras falam mais tarde e isso é absolutamente normal, não existe um 'padrão' de desenvolvimento. 
Crianças com dificuldades de aprendizagem geralmente apresentam desmotivação e incômodo com as tarefas escolares gerados por um sentimento de incapacidade, que leva à frustração.
Mostre para a criança o quanto ela e boa em tarefas na qual ela tem habilidade e incentive-a  a desenvolver outras tarefas nas quais ela não é tão boa,  procure manter a calma, não rotule , ao contrário, elogie, isso irá fortalecer sua auto-estima.
Lembre-se, ninguém é bom em tudo!
Se  você observou alguma dificuldade no seu filho, que lhe chamou atenção, ou a escola  lhe chamou para conversar, é importante que o acompanhamento seja feito por uma equipe multidisciplinar que deverão estar envolvidos com um único objetivo: ajudar a criança!
Por isso é imprescindível que os pais conheçam seus filhos, conversem freqüentemente com eles e participem do seu dia a dia para que possam detectar quando algo não vai bem.
 
Outra coisa, as dificuldades de aprendizagem devem ser analisadas e compreendidas não somente como uma falha individual da criança que resiste em adequar-se ao "pré-estabelecido", mas como uma confluência de fatores que incluem a escola, a família, os professores e o sistema de relações sociais envolvidos. O impacto positivo do ambiente familiar sobre o desempenho da criança na escola depende de dois fatores: experiências ativas de aprendizagem que promovem competência cognitiva e um contexto social que oferece autoconfiança e interesse ativo em aprender.
Crianças que apresentam algum tipo de dificuldade escolar recebem menos atenção de seus pais, uma vez que as próprias dificuldades ocasionam certo desgaste na relação afetiva.Embora as dificuldades de aprendizagem estejam ligadas a múltiplos fatores, elas são sobremaneira sustentadas pelo meio familiar, escolar e social, e a forma como estes sistemas, em especial a família, definem essa dificuldade, terá um papel decisivo na evolução e resolução do problema, pois as dificuldades de aprendizagem expressam uma personificação dos conflitos familiares e emocionais que não foram manifestos explicitamente  permanecendo muitas vezes no inconsciente da criança, de forma velada.
Como Psicopedagoga sempre me chamou atenção a angústia e a tensão com que as famílias encaravam as dificuldades educacionais de seus pequenos, principalmente na época da alfabetização formal.



A família se preocupa e se desgasta em acompanhar o filho e esquece que alfabetização vem muito antes da entrada da criança na escola. O que eu quero dizer com isso? É que muitos pais culpam a escola antes de se responsabilizarem pela educação de seus filhos.

Não é uma questão de se encontrar culpados, mas sim de encontrar soluções.

Muitas vezes a criança apresenta dificuldades numa determinada escola, simplesmente porque não gostou do ambiente, do espaço, da forma como ela foi tratada, como é sua relação com a professora com os amigos, ou a metodologia não foi adequada às suas necessidades, e por aí vai.



Muitas vezes basta mudar de escola que cessam todos os sintomas descritos acima. Por quê? Porque a metodologia é diferente, as relações que se estabelecem são diferentes, a organização, o espaço e o tempo de atividades são diferentes, enfim, são múltiplos fatores.

Ballone (2004) afirma que as dificuldades de aprendizagem não devem ser tratadas como se fossem problemas insolúveis, mas como desafios que fazem parte do próprio processo da aprendizagem. Também considera necessário identificar e preveni-las mais precocemente, de preferência ainda na pré-escola.
Porém, não é simples afirmar que uma determinada condição psicossocial age como causa ou consequência na vida de uma criança.
Uma criança que apresenta dificuldade de aprendizagem, provavelmente, já passou por diversas cadeias de circunstâncias desfavoráveis para o seu desenvolvimento e essa dificuldade, se persistir, também acarretará novos prejuízos psicossociais, que, por sua vez, também contribuirão para a manutenção ou intensificação das dificuldades de aprendizagem.

Como vocês podem ver, não é uma questão simples de se resolver, requer avaliação  e acompanhamento multidisciplinar, e cada caso requer um encaminhamento diferente.

Espero que tenham gostado.

Até breve!


Dr. Geraldo José Ballone, médico psiquiatra e escritor, nascido em Paulínia interior do estado de São Paulo. Professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da PUC- Campinas(SP) de 1980 à 2002.

Uma excelente dica para leitura!